
SÍMBOLOS
DO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA.

O Divino
Espírito Santo.
www.obradoespiritosanto.com
Por
pe. Martinho de Cochem
Querendo falar dos sublimes e múltiplos mistérios da santa
Missa, devemos dizer com o rei David:
"Vinde
e vede as obras do Senhor e os prodígios que operou sobre a
terra"
(Sl. 45, 9).
Nosso
divino Salvador fez muitos e grandes milagres, quando vivia
neste mundo; nenhum, porém, parece tão admirável como a
instituição da santa Missa, na última Ceia.
É a
Santa Missa o compêndio das maravilhas das obras de Deus, um
milagre que contém em si tantos mistérios, que São
Boaventura, meditando-os, prorrompeu nestas palavras:
"A
santa Missa tem tantas maravilhas quantas são as gotas d
'água no oceano, os grãozinhos de poeira no ar, as estrelas
no firmamento, e os Anjos no céu. Nela se operam,
quotidianamente, tantos mistérios que não sei se, em tempo
algum, a mão onipotente de Deus fez obra melhor e mais
sublime"
(Tom.
6. De Sacramentis).
Palavras admiráveis! Será então verdade que a santa Missa
contém tantos mistérios que a língua humana jamais os pode
enumerar? O grande teólogo padre Sanchez confirma as
palavras de São Boaventura, e acrescenta:
"Na
santa Missa, recebemos tesouros tão admiráveis, dons tão
preciosos, bens tão essenciais para esta vida e uma
esperança tão firme para a outra, que nos é necessária, para
crê-lo, a virtude da fé. Assim como se pode tirar, sem
diminuir, toda a água que se quiser, do mar, ou dos grandes
rios, da mesma forma, apesar da abundância das graças que
tirardes na santa Missa, não diminuireis nem lhe esgotareis
jamais os tesouros"
(Thes.
Missae, e. 1).
O
primeiro símbolo da santa Missa foi o sacrifício do justo
Abel, oferecendo, piedosamente, ao Altíssimo as
primícias de seu rebanho. Este sacrifício agradou ao
Senhor; pois que diz a Sagrada Escritura: "O Senhor
lançou os olhos sobre Abel e sobre a sua oferta"
(Gen. 4, 4). O sacrifício de Abel partia dum coração
submisso e fiel, e era feito em vista do futuro Salvador. O
fogo desceu do céu, diz a Sagrada Escritura, e consumiu o
holocausto de Abel.
O
sacrifício de Abel agradou visivelmente ao Altíssimo; mais
lhe agrada, porém o Sacrifício do novo Testamento. Quando o
sacerdote oferece, na santa Missa, o pão e o vinho, e
pronuncia as palavras da consagração, o fogo divino do
Espírito Santo consome o pão e o vinho, mudando-os no Corpo
e no Sangue de Jesus Cristo. Este holocausto, portanto, é
infinitamente mais agradável ao Senhor que o de Abel. O Pai
celestial o acolhe com grande satisfação, dizendo:
"Este
é meu Filho bem amado em que pus toda a minha complacência".
São
outras figuras do santo Sacrifício da Missa os sacrifícios
de Noé, de Abraão, de Isaac e de Jacó, narradas em vários
lugares da Sagrada Escritura. Porém, o símbolo mais tocante
da Missa foi o sacrifício que Melquisedec ofereceu a Deus
todo-poderoso, em reconhecimento da vitória de Abraão. Este
sacrifício consistia em pão e vinho, e era acompanhado de
preces e de cerimônias particulares. O próprio Melquisedec
era uma figura de Jesus Cristo. Seu nome significa: Rei da
paz; pois, como Jesus Cristo, era, ao mesmo tempo, rei e
sacerdote.
No
cânon da Missa, imediatamente depois da consagração, faz-se
menção dos sacrifícios antigos, quando o sacerdote diz:
"Oferecemos à vossa sublime Majestade o dom de uma vítima
(+) pura, de uma vítima (+) santa, de uma vítima (+) sem
mancha, o pão sagrado (+) da vida eterna e o cálice da
eterna (+) salvação. Outrora aceitastes os sacrifícios dos
tenros cordeiros que Vos ofereceu Abel; o sacrifício que
Abraão Vos fez de seu filho único, imolado sem perder a
vida. Enfim o sacrifício misterioso do pão e do vinho que
Vos apresentou Melquisedec". É o suficiente para indicar que
esses sacrifícios foram imagens do sacrifício da Missa.
Na
santa Missa, são realizados não somente todos os sacrifícios
simbólicos, como também se representam os principais
mistérios da vida e da paixão do nosso divino Salvador.
David
o indica, quando diz:
"O
Senhor deixou uma lembrança de suas maravilhas; mostrou-se
misterioso e compassivo"
(Sl. 110, 4).
E para
que lhe compreendêssemos bem o pensamento, diz, em outra
parte:
"Acercar-me-ei de vosso altar, a fim de ouvir a voz de
vossos louvores e narrar vossas maravilhas".
Neste
sentido, Jesus Cristo disse também a seus apóstolos, depois
da instituição da Eucaristia:
"Fazei
isto em memória de mim. A obra da redenção vai ser
cumprida. Estou prestes a deixar-vos, porém antes de tornar
ao meu Pai celeste, instituo a santa Missa como sacrifício
único do novo Testamento e lego-vos o poder de efetuá-la a
meu exemplo, até que eu volte para julgar os vivos e os
mortos. E, para que minha lembrança permaneça viva, encerro
neste sacrifício todos os mistérios de minha paixão, que
reproduzireis, sem cessar, aos olhos de meus fiéis".
Primeiramente, renova-se na santa Missa o mistério da
Encarnação. Na hora da Encarnação, a Virgem obedientíssima
ofereceu a Deus o seu corpo e a sua alma a fim de que,
segundo as palavras do Arcanjo, o Espírito Santo operasse em
suas castas e virginais entranhas a concepção de Jesus
Salvador.
De
modo mui parecido, quando o sacerdote apresenta e oferece a
Deus o pão e o vinho, o Espírito Santo muda-os no verdadeiro
Corpo e Sangue de Jesus Cristo. O sacerdote, no momento da
transubstanciação, recebe o filho de Deus em suas mãos tão
realmente como a santíssima Virgem o recebeu no seu casto
seio.
Analogamente, em segundo lugar, vemos renovar-se, na Missa,
o mistério da Natividade. Como Jesus Cristo nasceu do corpo
imaculado e inviolado da santíssima Virgem, na Missa Ele
nasce dos lábios do sacerdote. Apenas pronunciada a última
palavra da consagração, Jesus acha-se nos panos alvíssimos
do altar como outrora nas fachas do presépio. Como Maria
Santíssima, em sua indizível felicidade, adorava a seu filho
Deus humanado, como o apresentava aos pastores, assim o
sacerdote adora Jesus e apresenta-o aos fiéis na elevação da
santa Missa. E aquele infante divino que os três magos
vieram adorar, que o velho Simeão tomou nos braços quando os
pais o ofereceram no templo, nos o temos diante dos olhos,
em todas as Missas a que assistimos.
E
ainda há mais. Jesus nos anuncia, na santa Missa, seu
Evangelho pela boca do sacerdote, nos ensina a orar, ora
conosco e por nós; soam, na Missa, as palavras do perdão
como no Calvário:
"Pai,
perdoai-lhes".
Não
resta dúvida, cabem aqui as palavras de Jesus: "Bem
aventurados os que não viram, mas creram", pois, aos
olhos corporais permanece tudo isso escondido, mas não assim
à nossa alma esclarecida pela fé. Ela reconhece, como o
apóstolo Tomé, a Jesus debaixo das espécies do pão; inundada
de santa alegria percebe a realização da divina promessa:
"Eis
que estou convosco até a consumação dos séculos".
Está
conosco Jesus na santa Missa, está conosco como nosso
Salvador, nosso Mediador, nossa vítima. Daí se compreende
também uma diferença notável entre a hóstia sagrada da
custódia e a da Missa, se bem que, numa e noutra, Jesus
Cristo esteja igualmente presente. Na custódia ou na âmbula,
permanece Jesus presente em nossos altares, oferece-se às
nossas adorações, dá-nos a bênção, serve-nos de alimento, -
na santa Missa, porém, é nossa vítima, nosso Mediador como
no Calvário.
Cristãos! Que meio fácil e eficacíssimo de, na santa Missa,
nutrirmos a fé, a esperança, o amor! Que ocasião de
acendermos nossa piedade, de estreitarmos a união sagrada
com Jesus!
Pode
haver graça ou favor necessário, que não nos seja possível
obter pelo sacrifício da santa Missa?
Se
Jesus nos ensina a pedir, dizendo: "Pedi, e
recebereis!" vale este conselho, muito especial e
particularmente, na hora da santa Missa. Nos capítulos
seguintes haveremos de explicar, mais minuciosamente, tudo
isso. Mas, desde já, será permitido perguntar, se não causa
perda irreparável de benefícios preciosos, corporais e
espirituais, aos cristãos a cegueira de fazer tão pouco caso
de tão rico tesouro? Possa a leitura atenta disso e de
quanto segue, esclarecer-nos e inspirar-nos grande estima do
santíssimo sacrifício da Missa.
www.obradoespiritosanto.com
|