
NA SANTA MISSA, JESUS CRISTO RENOVA SUA VIDA
.

O Divino
Espírito Santo.
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Por
Pe. Martinho de Cochem
Entre
as coisas que encantam os sentidos, o teatro deve ser
colocado em primeiro lugar.
Os
homens acham-lhe tal prazer que gastam, para assistir às
representações teatrais, muito tempo e muito dinheiro.
Se
quiséssemos considerar, atentamente, os grandes
mistérios da Missa e persuadir-nos que Jesus Cristo
se aproxima do altar como ornado de suas vestes de festa,
para aí reproduzir, à nossa vista, as cenas de sua vida
maravilhosa, correríamos para a igreja ao primeiro toque do
sino.
Mas,
oh! loucura do mundo, quantos preferem jogar os bens aos
comediantes a assistir à santa Missa, onde riquíssima
recompensa é concedida a todo e qualquer espectador
piedoso!
Responder-me-ás, talvez, caro leitor: "Não é de admirar que
as pessoas frívolas prefiram assistir à comédia; querem
distrair-se, e, na santa Missa, nada lhes encanta os
olhos e os ouvidos".
Oh
triste cegueira!
Se essas pessoas superficiais tivessem os olhos da fé,
gozariam da santa Missa profundamente, porque é o
resumo da vida do Salvador e a reprodução de todos os seus
mistérios. Não é somente uma representação
poética de fatos passados, como seria um drama; é
uma repetição verídica do que Jesus Cristo fez e sofreu
sobre a terra.
Com
efeito, na santa Missa, temos diante de nós o
divino Menino, envolto em panos, como o acharam os pastores,
qual os Magos vieram adorar, e qual Maria Santíssima colocou
nos braços do velho Simeão. O mesmo divino Infante repousa
sobre o altar e espera nossas homenagens e nosso amor. Ao
Evangelho, esse mesmo Jesus repete-nos sua doutrina
pela boca do sacerdote, com o mesmo proveito para a
alma crente, que se lhe viesse dos próprios lábios.
Vemo-lo fazer um milagre maior que o de Caná, porque é
mais admirável mudar o vinho em
sangue, do que a água em vinho. É a
renovação da última Ceia e de sua
morte na Cruz. As mãos dos algozes não o
atingem, porém as do sacerdote oferecem-no,
como vítima expiatória,
ao eterno Pai.
Aquele
que sabe tirar proveito da santa Missa, pode receber dela o
perdão dos seus pecados e a abundância das graças celestes.
"Toda
a vida de Cristo, diz S. Dionísio, o Cartucho, não foi
mais do que uma Missa solene, em que foi Ele o templo, o
altar, o sacerdote e a vítima" (Vida sacerdotum,
Antwerpiae, Vostermann, 1751).
Na
verdade, Jesus Cristo revestiu-se das vestes sacerdotais no
santuário do seio materno, onde nos tomou a carne e com ela
a vestimenta da nossa mortalidade. Saiu desse santuário na
noite sagrada do Natal e começou o "Introito",
entrando no mundo. Entoou o "Kyrie eleison", lançando
os primeiros vagidos no presépio; o "Glória in excelsis"
foi entoado pelos Anjos, quando apareceram aos pastores, e,
convidando-os a misturar seus louvores com os deles,
conduziram-nos ao berço do recém-nascido.
Jesus
disse a "Coleta" em suas vigílias noturnas, onde
implorava a misericórdia divina para nós. Leu a
"Epístola", quando explicava Moisés e os profetas,
demonstrando que os tempos eram findos. Anunciou o
"Evangelho", quando percorria a Judéia a pregar a boa
nova. Fez o "Ofertório", quando, no mistério da
apresentação, ofereceu-se a seu Pai pela salvação do mundo.
Cantou o "Prefácio", louvando, por nós, a Deus sem
cessar e agradecendo-lhe os benefícios.
O
"Sanctus" foi entoado pelos hebreus, no dia de Ramos,
quando, na entrada de Jesus em Jerusalém, clamavam:
"Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hosana ao
Filho de David!"
A
"Consagração", o Salvador efetuou-a na última Ceia, pela
transformação do pão e do vinho em
seu Corpo e em seu Sangue.
A "Elevação" realizou-se, quando foi pregado na Cruz,
elevado nos ares e exposto em espetáculo aos olhos do mundo.
O "Pater Noster", Jesus o disse na Cruz,
pronunciando as sete palavras. A "fração da
Hóstia" cumpriu-se, quando sua alma santíssima
separou-se de seu corpo adorável.
O "Agnus
Dei", o centurião o disse no momento em que exclamou:
"Verdadeiramente, este homem é o Filho de Deus!".
A santa "Comunhão" foi o embalsamamento e a
sepultura. A "bênção" no fim, Jesus a deu no monte
das oliveiras, estendendo as mãos sobre os discípulos
na ocasião da ascensão.
Eis a
Missa solene celebrada por Jesus Cristo sobre a terra!
Ordenou que seus apóstolos e, depois deles,
todos os sacerdotes, dissessem esta Missa, cada
dia, ainda que mais resumida.
Somos,
pois, tão favorecidos, e talvez mais do que os que viveram
no tempo de Jesus. Eles ouviram uma única Missa,
cujas partes foram celebradas em
longos intervalos, enquanto nós podemos, cada
dia, assistir a muitas e recolher, em pouco tempo, os frutos
de toda a vida do Salvador.
Caro
leitor, repassa, muitas vezes em teu espírito, a
utilidade do santo Sacrifício da Missa, onde Jesus
Cristo te faz participar dos méritos infinitos de sua
santíssima vida e de sua paixão. Se fosse tão fácil
adquirir bens temporais, não perderíamos um instante e não
pouparíamos trabalho. Como, pois, somos tão pouco
diligentes, quando se trata das riquezas eternas e dos
tesouros que nem a ferrugem nem os ladrões podem nos
arrebatar?
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