
NA
SANTA MISSA, JESUS CRISTO RENOVA SUA ENCARNAÇÃO

O Divino
Espírito Santo.
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Por pe. Martinho de Cochem
No
capítulo precedente, tratamos sucintamente dos mistérios da
santa Missa. Meditemo-los agora, uns após outros, começando
pela encarnação.
Foi um
inestimável benefício da divina Misericórdia, que, para
nossa salvação, o Verbo descesse do céu e, pela operação do
Espírito Santo, se fizesse carne no seio imaculado de Maria
Santíssima. Este mistério incompreensível, o sacerdote
adora-o de joelhos nas palavras do Credo: "Et
incarnatus est".
Ora,
Jesus Cristo não se contentou com fazer-se homem somente uma
vez, antes inventou, em sua infinita sabedoria, o meio de
renovar, incessantemente, a satisfação oferecida ao Pai e ao
Espírito Santo pela sua primeira encarnação: instituiu
a Santa Missa.
A
encarnação na Missa é mística, porém real. A santa Igreja dá
este testemunho nas orações da Missa da 9ª dominga depois de
Pentecostes dizendo por que todas as vezes que se oferece
este sacrifício comemorativo, renova-se a obra de nossa
redenção.
Considerando estas maravilhas, Santo Agostinho exclama:
"Oh! sublime dignidade do sacerdote, em cujas mãos Jesus
Cristo se encarna de novo. Oh! celeste mistério operado, tão
maravilhosamente, pelo Padre, pelo Filho e pelo Espírito
Santo, por intermédio do sacerdote!" (Homil. 2. in
Os. 37).
Oh!
dignidade dos fiéis, acrescentamos, pela salvação dos quais
Jesus Cristo se faz carne, de maneira mística, diariamente!
Que consolação, para nós, homens miseráveis, de sermos
amados tão ternamente pelo nosso Deus!
"A
Imitação de Cisto" diz: "Quando celebrares ou
assistires à Santa Missa, este mistério deve parecer-te tão
grande, tão novo como se, nesse dia, Jesus, descendo pela
primeira vez ao seio da Virgem, se fizesse homem"
(Livro 4, cap. 2).
Vejamos agora como e por quantos milagres, Jesus Cristo
renova sua encarnação sobre o altar.
É de
fé que o sacerdote, antes da consagração, tem somente entre
as mãos o pão, ao passo que, no momento de pronunciar a
última palavra da consagração, esse pão, pela onipotência
divina, torna-se o verdadeiro Corpo de Jesus Cristo.
A esse Corpo está unido, por
concomitância, o precioso Sangue, pois um corpo vivo não
pode estar privado de sangue.
Não é
o maior dos milagres esta transubstanciação do pão e do
vinho? Não é a maravilha das maravilhas que não haja mais
nem pão nem vinho, apesar de ficarem as aparências, visto
que a santa Hóstia e o precioso sangue conservam a forma, a
cor, o gosto, que tinham antes da transubstanciação? Não é o
prodígio dos prodígios que as espécies subsistem sem aderir
a coisa alguma e são conservadas sobrenaturalmente?
Santa
Gertrudes aprofundava-se nestes prodígios. Um dia, enquanto
se pronunciavam as palavras da consagração, disse a Deus:
"Senhor, o mistério que operais agora é tão grande e tão
espantoso, que, neste grau de baixeza em que estou, não
ousarei levantar os olhos; abater-me-ei e colocar-me-ei na
mais profunda humildade, esperando que me cedais uma parte
do Sacrifício que dá a vida a todos os eleitos".
Jesus
Cristo replicou-lhe:
"Se
dispuseres tua vontade a sofrer, voluntariamente, toda a
sorte de trabalhos e penas, para que este Sacrifício, que é
salutar a todos os cristãos, vivos e mortos, se cumpra
plenamente e em toda excelência, terás contribuído segundo
tuas forças, para o fim de minha obra"
(Der heiligen Jungfrau Gertrudis Leben und Offenbarungen, t.
1, p. 174).
A
exemplo de Santa Gertrudes, considera, durante a elevação,
o grande milagre que Deus opera sobre o altar. Excita em ti
o ardente desejo de que este Sacrifício contribua para a
maior glória de Deus e a salvação de teus irmãos. Nesta
intenção, repete com Santa Gertrudes:
"Dulcíssimo Jesus, a obra que ides efetuar agora, é tão
excelente que, em minha humilhação, não ouso contemplá-la;
por isso, abismando-me em meu nada, espero também, para mim,
alguma parte, visto que esta imolação será proveitosa a
todos os eleitos. Oh! meu Jesus, se eu pudesse cooperar para
ela, empregaria todas as minhas forças, não me espantariam
as maiores penas, a fim de que este Sacrifício pudesse
totalmente aproveitar aos vivos e aos mortos.
Suplico-vos, bom Jesus, que concedais ao celebrante e aos
assistentes todas as graças necessárias para este fim".
Consideremos a imensidade do poder consagrador que Jesus
Cristo concedeu aos seus sacerdotes. O bem-aventurado Alano
fala dele deste modo:
"A
onipotência de Deus Padre é tão grande que criou do nada o
céu e a terra; mas o poder do sacerdote é tal que produz o
Filho de Deus na Eucaristia e no santo Sacrifício"
(Alanus de Rupe, part. 4, c. 37).
Deus
provou que "amou tanto ao mundo, que lhe deu o Filho
unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna", primeiramente, quando enviou
seu Filho à terra, e torna a prová-lo, cada dia, fazendo de
novo descer o Verbo para renovar sua encarnação na santa
Missa. Pela encarnação no seio de Nossa Senhora, Jesus
Cristo adquiriu imensos tesouros de graças; pela santa
Missa, distribui esses tesouros a todos os que celebram, ou
assistem ao santo Sacrifício.
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