
EXORTAÇÃO PARA OUVIR
PIEDOSAMENTE A SANTA MISSA.

O Divino
Espírito Santo.
www.obradoespiritosanto.com
Quanto não se aflige a Igreja, por ver tantos
filhos assistirem, sem piedade, ao santo Sacrifício!
Ocupam-se os fiéis, não raras vezes, com o que se passa ao
redor, porém, não do que se realiza no altar;
observam quem entra e quem sai; oram somente com os lábios,
sem que o coração tome parte. Eis seu proceder na presença
de Deus três vezes santo! Perguntamos se lhes existe ainda
uma faísca de fé na alma e se merecem o nome de católicos.
Oh! quanto nos dói o coração à vista de tão culpada
irreverência, no momento em que tudo nos convida à
mais ardente piedade.
A Igreja católica impõe o respeito para a santa
Missa, por estas palavras: "Reconhecer que os cristãos
não podem cumprir obra mais santa, mais divina que este
assombroso mistério é também reconhecer que não se pode pôr
cuidados e diligência suficientes para desempenhá-lo com
pureza de coração, com piedade e edificação
(Concílio de Trento). Não é necessário, para isso,
experimentar uma devoção sensível; basta a vontade
firme de assistir atenta e respeitosamente.
A verdadeira piedade, com efeito, não consiste na
doçura interior, mas no fiel serviço de Deus.
A piedade ou devoção consiste, segundo todos
os mestres da vida espiritual, numa vontade pronta e
generosa de fazer tudo quanto Deus quer, e sofrer
corajosamente tudo quanto quer que soframos. As
doçuras e as consolações sensíveis não são, pois, a devoção,
mais um estímulo para a devoção que o Senhor concede
conforme nossas necessidades e sua sabedoria. O espírito de
fé está sempre ao nosso dispor e podemos, agindo segundo
esta fé, servir a Deus com inteira fidelidade e ser do
número dos justos que vivem da fé.
Se não tivesses desejo algum e não fizesses nenhum
esforço para sair de tua indiferença, então somente, haveria
culpa e te privarias de muitos méritos. A este respeito
lembrar-te-emos das palavras de Nosso Senhor à Santa
Gertrudes.
Esforçando-se, uma vez, em unir alguma intenção
particular a cada nota e cada palavra de seu canto, e,
sentindo que se achava, muitas vezes, impedida pela fraqueza
de sua natureza, dizia no interior, com muita tristeza:
"Ah que fruto posso tirar deste exercício visto que sou
sujeita a tão grande mudança?". Nosso Senhor, porém,
apresentou-lhe nas mãos o Sagrado Coração sob o emblema duma
lâmpada ardente, dizendo: "Eis que exponho, aos olhos
de tua alma, meu Coração caridoso que é o órgão da
Santíssima Trindade, a fim de que lhe peças, com confiança,
que faça em ti tudo o que não serias capaz de operar, e
desta sorte, eu nada veja, aí, que não seja extremamente
perfeito; pois, da mesma maneira que um servo está sempre
prestes a executar as ordens de seu amo, assim meu Coração
será sempre disposto, em qualquer hora, a reparar os efeitos
de tua negligência" (Líber III, c. 25).
Santa Gertrudes admirava, tremendo, o excesso da
bondade do divino Salvador, julgou, porém, que seria
inconveniente que o Coração adorável de seu Deus suprisse os
defeitos de sua criatura. Mas o Senhor animou-a com esta
comparação: "Não é verdade que, se tivesses uma bela
voz e achasses extremo prazer em cantar, encontrando-te com
uma pessoa que tivesse a voz tão áspera, tão desagradável e
desafinada que sentisse muita pena em pronunciar e em formar
os menores sons, acharias mal que, oferecendo-te para
cantar, ela não to quisesse permitir? Assim, meu Coração
divino, reconhecendo a inconstância e a fragilidade da
natureza humana, deseja com ardor que o convides, senão por
palavras, pelo menos por outro sinal, a operar e cumprir em
ti o que não és capaz de operares e cumprires".
Oh que palavras de animação e conforto! Estás
distraído à santa Missa? Desprovido de piedade? Vai a Jesus,
dizendo-lhe: "Deploro amargamente estar tão distraído
e rogo a vosso divino Coração que se digne suprir a minha
negligência".
Para ajudar a tua boa vontade, indicar-te-emos
também a maneira de te comportares na santa Missa.
Primeiro, indo à igreja, considera aonde vais e o que vais
fazer. Não subas ao templo como o fariseu e o
publicano para orar somente, mas entras aí para
"oferecer", segundo a palavra de David:
"Senhor, sou vosso servo, oferecer-vos-ei uma hóstia de
louvor e invocarei vosso santo nome" (Sl. 115).
Entras aí para prestar a Deus o culto mais
perfeito, para apresentar a oferta que lhe é mais cara.
"A audição da santa Missa, diz um escritor eclesiástico,
não é somente uma oração, é um ato de adoração, é uma
oferta, um sacrifício divino, visto que todos os assistentes
bem dispostos unem-se à ação e às intenções do sacerdote".
O mesmo autor explica então o sentido da palavra
"sacrificar" e diz que a ação mais excelente, é
praticar a mais alta virtude, porque, sacrificando,
atestamos a soberania de Deus, seu direito de ser,
infinitamente, honrado e glorificado; confessarmos, ao mesmo
tempo, nossa dependência absoluta como criaturas, das quais
pode dispor à vontade. É por isso que o Sacrifício é o
ato de religião mais agradável ao Senhor, e o mais útil aos
homens.
Penetrado destas verdades, chega ao pé do altar;
formula aí a intenção de ouvir a santa Missa.
Tens algumas orações particulares que fazer? Faze-as até a
consagração. A elevação, não te ocupes senão com Nosso
Senhor: adora-o, oferece-o a seu Pai eterno, expondo-lhe
tuas necessidades. Há pessoas que têm escrúpulo de
renunciar a suas orações quotidianas pelas da santa Missa. É
um erro.
Tuas orações quotidianas, comparadas com as
da santa Missa, são tão inferiores como o cobre é inferior
ao ouro. Além disso, estas orações podem fazer-se em
outro tempo que não seja à hora da Missa, ao passo que não
podes dizer as da Missa, tão utilmente, em outro tempo como
quando o santo Sacrifício se efetua; e, se te acontecesse
não achar um momento para desempenhar estas devoções
particulares, esta omissão seria menos prejudicial que a
primeira.
Logo que o sacerdote pronunciou, no momento solene,
as palavras da consagração, o pão tornou-se
o Corpo de Nosso Senhor.
"O homem deve tremer, diz São Francisco de Sales, o
mundo estremecer, o céu inteiro ficar arrebatado, quando,
sobre o altar, o Filho de Deus se entrega nas mãos do
sacerdote". Oh! admirável humildade, o Mestre de
todas as coisas abaixa-se, para a salvação do homem, até
ocultar-se sob as aparências do pão.
Mas, porque os nossos sentidos não percebem a
presença do Senhor, não lhe prestamos atenção, e,
entretanto, os demônios fogem espavoridos e os Anjos tremem
diante de sua face. Assim disse Jesus Cristo a Santa
Brígida: "Do mesmo modo que à palavra
'Sou eu!' meus inimigos
caíram por terra, às palavras da consagração
'Isto é o meu Corpo!' os
demônios fogem".
A semelhança dos Anjos e dos Santos, apliquemo-nos
a glorificar o Senhor sobre o altar, e a participar de seu
adorável Sacrifício. É excusado dizer que, no momento da
elevação, devemos deixar toda outra oração, a fim de
levantar os nossos olhos para o altar e adorar,
humildemente, o Cordeiro de Deus, oferecendo-o ao Pai
celestial. Estes exercícios de fé e caridade devem
ocupar-nos todo o tempo, até que Jesus seja consumido pela
Comunhão do sacerdote.
Infelizmente, grande número de fiéis não se
conforma a nenhuma destas práticas. Continuam a receitar
suas orações costumeiras, dedicando-se a uma espécie de
devoção rotineira, como se Nosso Senhor não estivesse
presente e não fosse preciso ocupar-se dEle.
Caro
leitor, não procedas mais assim; no momento da
consagração, cai de joelhos como o sacerdote e, repleto de
fé e amor, adora aquele que se mostra a teus olhos, sob as
espécies de pão e de vinho.
www.obradoespiritosanto.com
|