
Carta dos Cardeais Ottaviani e Bacci
à Sua Santidade Papa
Paulo VI,
sobre o novo Missal - (Novus Ordo Missae).

O Divino
Espírito Santo.
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(No
pontificado do Papa Paulo VI, era o Cardeal responsável pela
secretaria que hoje equivale a - Congregação Para A
Doutrina Da Fé – que o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento
XVI, ocupou durante o pontificado de João Paulo II)
Roma,
25 de setembro de 1969.
Santíssimo Padre,
Tendo
cuidadosamente examinado e apresentado ao escrutínio de
outros a Nova Ordenação da Missa preparada pelos
especialistas do Comitê para a Implementação da
Constituição da Sagrada Liturgia (Consilium ad
exequendam Constitutionem de Sacra Liturgia), e após
longa oração e reflexão, sentimo-nos obrigados perante Deus
e Sua Santidade a apresentar as seguintes considerações:
1.
O seguinte Estudo Crítico é o trabalho de um grupo seleto de
bispos, teólogos, liturgistas e pastores de almas. A
despeito de sua brevidade, o estudo demonstra de forma
bastante clara que a Novus Ordo Missae –
considerando-se os novos elementos amplamente suscetíveis a
muitas interpretações diferentes que estão nela implícitos
ou são tomados como certos representa, tanto em seu todo
como nos detalhes, um surpreendente afastamento da
teologia católica da Missa tal qual formulada na sessão
22 do Concílio de Trento. Os “cânones” do rito
definitivamente fixado naquele tempo constituíam uma
barreira intransponível contra qualquer tipo de heresia que
pudesse atacar a integridade do Mistério.
2.
As razões pastorais apresentadas para justificar uma ruptura
tão grave, ainda que tais razões pudessem ser sustentadas em
face das considerações doutrinárias, não parecem ser
suficientes. As inovações na Novus Ordo e o fato de
que tudo o que possui um valor perene encontra ali apenas um
lugar secundário – se é que continua a existir – poderiam
muito bem transformar em certeza as suspeitas, infelizmente
já dominantes em muitos círculos, de que as verdades que
sempre foram objeto de crença pelos cristãos podem ser
alteradas ou ignoradas sem infidelidade ao sagrado
depósito da doutrina ao qual a fé católica está para sempre
ligada. As reformas recentes demonstraram amplamente que
novas alterações na liturgia não podem ser efetuadas sem
levar à completa confusão por parte dos fiéis, os quais
já demonstram sinais de relutância e um indubitável
afrouxamento da fé. Entre os melhores clérigos, o
resultado é uma agonizante crise de consciência, da qual
um sem número de exemplos chega a nós diariamente.
3.
Estamos certos, instigados pelo que ouvimos da voz dos
pastores e do rebanho, de que estas considerações
encontrarão eco no coração de Sua Santidade, sempre tão
profundamente solícito às necessidades espirituais dos
filhos da Igreja. Os sujeitos a quem uma lei se dirige
sempre tiveram o direito, mais do que isto, o dever, de
pedir ao legislador que ab-rogue esta lei uma vez que ela
prove ser danosa. Portanto, em um momento em que a
pureza da fé e a unidade da Igreja sofrem cruéis lacerações
e um perigo ainda maior, diária e dolorosamente ecoado nas
palavras de nosso Pai comum, nós fervorosamente rogamos a
Vossa Santidade para que não nos prive da possibilidade
de continuarmos a ter acesso à integridade fecunda do
Missale Romanun de São Pio V, tão louvado por Sua
Santidade e tão profundamente amado e venerado por todo o
mundo católico.
Card.
A. Ottaviani Card A.
Bacci
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