
A EUCARISTIA, NECESSIDADE DO NOSSO CORAÇÃO.
São Pedro Julião Eymard
Cân. 898
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Os fiéis tenham em suma honra a santíssima Eucaristia,
participando activamente na celebração do augustíssimo
Sacrifício, recebendo com grande devoção e com frequência
este sacramento, e prestando-lhe a máxima adoração; os
pastores de almas, ao explanarem a doutrina sobre este
sacramento, instruam diligentemente os fiéis acerca desta
obrigação.

O Divino
Espírito Santo.
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"Porque está Jesus Cristo na Eucaristia?
Tal
pergunta, se pode ter muitas respostas, tem no entanto uma
que a todas resume: Jesus Cristo está na Eucaristia
porque nos ama e quer que nós o amemos. O Amor, eis a razão
de ser da instituição da Eucaristia.
Sem
ela, o Amor de Jesus Cristo seria apenas um Amor de Morte,
passado, esquecido dentro em breve – e isso sem culpa de
nossa parte. Só a Eucaristia satisfaz plenamente as
leis e as exigências do amor. Jesus Cristo, dando-nos nela
provas de Amor infinito, tem direito de ser nela amado.
Ora, o
amor natural, tal qual Deus pôs nos corações, requer três
coisas. A presença ou sociedade de vida, a comunhão de bens,
a união perfeita.
I
A
ausência é a aflição, o tormento da amizade. O afastamento
diminui e, ao ser prolongado, dissipa a mais forte amizade.
Estivesse Nosso Senhor ausente, afastado, o amor que
lhe temos passaria, em virtude do efeito dissolvente dessa
mesma ausência. É da essência, da natureza do amor
humano reclamar, para viver, a presença do objeto amado.
Olhai
para os pobres Apóstolos, enquanto Nosso Senhor jaz no
túmulo, para os discípulos de Emaús, que confessam terem
quase perdido a fé. Não gozam mais da presença do divino
Mestre.
Ah!
Não nos tivesse Nosso Senhor deixado outro legado de seu
Amor senão Belém e o Calvário e quão depressa o teríamos
esquecido! Que indiferença! O amor quer ver, ouvir,
conversar, apalpar.
Nada
substitui o ente querido, nem lembrança, nem dons, nem
retratos; nada disso tem vida. E quão bem sabia Nosso Senhor
que nada poderia tomar seu lugar, pois carecemos dele mesmo.
Não nos basta então sua palavra? Não, já não vibra, já não
ouvimos as tocantes expressões dos lábios do Salvador. E seu
Evangelho? É um testamento. E o Sacramentos, não dão ele
Vida? Só o autor da Vida poderia entretê-la em nós. E a
Cruz? Ah! Sem Jesus quão triste é! E a esperança? Sem Jesus
é uma agonia. Os protestantes têm tudo isso e quão frio e
quão glacial é o protestantismo!
Poderá
então Jesus reduzir-nos a um estado tão triste, qual o de
viver e combater sozinhos? Ah! Sem Jesus, presente
entre nós, seríamos por demais desgraçados.
Exilados, sós no mundo, obrigados a privar-nos dos bens, das
consolações terrestres, enquanto aos mundanos é dado
satisfazerem todos os seus desejos, a vida se tornaria
insuportável.
Mas
com a Eucaristia! Com Jesus em nosso meio, quantas vezes sob
o mesmo teto, dia e noite, a todos acessível, a todos
esperando na sua morada sempre aberta; admitindo as
crianças, chamando-as com acentuada predileção, a vida
torna-se menos amarga. É o pai amoroso, rodeado dos filhos.
É a vida de sociedade com Jesus.
E que
sociedade, quanto nos engrandece e nos eleva! E quão fáceis
são as relações de sociedade, de recurso ao Céu, a Jesus
Cristo em pessoa! Convivência suave, simples, familiar e
íntima, assim Ele a quis.
II
O amor quer comunhão de bens, quer tudo possuir em comum.
Quer partilhar da felicidade e da infelicidade.
É-lhe
natural, instintivo dar, dar com alegria, com júbilo. E com
que profusão, que prodigalidade concedera Jesus Cristo, no
Santíssimo Sacramento, seus merecimentos, suas graças, sua
própria glória! Que desvelo em dar, sem jamais recusar!
Dá-se
a si mesmo, a todos e a todo momento, espalhando pelo mundo
as Hóstias consagradas para que todos os seus filhos as
recebam. No deserto, dos cinco pães multiplicados, sobraram
doze cestas cheias, e todos deles participaram.
Jesus-Eucaristia quereria envolver o mundo na sua nuvem
sacramental, fecundar os povos com essa água vivificante,
que, depois de ter desalterado e reconfortado o último de
seus eleitos, se perderá no oceano eterno. Ah!
Jesus-Hóstia é nosso, todo nosso!
III
O amor tende essencialmente à união entre os amantes, à
fusão de dois seres num só ser, de dois corações num só
coração, de dois espíritos num só espírito, de duas almas
numa só alma
(...)
Jesus submete-se a essa lei de amor por Ele mesmo
estabelecida.
Depois de ter compartilhado do nosso estado e de nossa vida,
dá-se-nos ele na comunhão, incorporando-nos a Ele.
União, cada vez mais perfeita e mais íntima, das almas,
segundo a maior ou menor vivacidade dos desejos.
"In me manet, et ego in eo". Permanecemos nele e Ele
em nós. Fazemos um só com Ele, até consumir-se no Céu, na
união eterna e gloriosa, a união inefável, começada na terra
pela graça e aperfeiçoada pela Eucaristia.
O amor
vive, pois, com Jesus presente no Santíssimo
Sacramento do altar, compartilha de todos os bens de
Jesus, une-se a Jesus e assim satisfazem-se as exigências de
nosso coração, que mais não pode pedir".
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